Na Teoria Geral, Keynes resume a determinação do consumo agregado à chamada lei psicológica fundamental: segundo a qual “os homens estão dispostos a aumentar o seu consumo quando o seu rendimento cresce, embora não no mesmo montante em que aumenta o seu rendimento” (Keynes, 2012, p. 87).
Portanto, a função consumo keynesiana é apresentada pela seguinte equação:
C = Ca + cY
Ca = Consumo autônomo (não depende da renda),
Y= renda
Propensão marginal a consumir é constante (c), o consumo aumenta quando aumenta a renda.
Já a propensão média a consumir C/Y cai quando a renda aumenta.
C/Y = Ca/Y + cY/Y => C/Y= Ca/Y + c (quando Y aumenta, Ca/Y e C/Y caem).
Então de acordo com a teria de Keynes, a proporção entre consumo e renda (propensão média a consumir) cai quando a renda aumenta (não estamos falando da propensão marginal consumir, que é constante, nem do valor absoluto do consumo, que é crescente com a renda).
Os fatos estilizados (achados empíricos) de Simon Kuznets (1946) não confirmaram a teoria de Keynes (The Kuznets Consumption Puzzle). Para períodos longos, ele encontrou que o consumo é estável em relação à renda (C/Y é estável), embora para curtos períodos o comportamento da propensão média a consumir confirmasse as predições da função consumo keynesiana (C/Y cai quando a renda aumenta).
Nos anos 50, Franco Modigliani e Milton Friedman apresentaram explicações para essas constatações aparentemente contraditórias. Eles se inspiraram no modelo intertemporal básico de comportamento do consumidor elaborado por Irving Fischer, em que os consumidores escolhem entre consumo presente e consumo futuro, de acordo com suas preferências intertemporais e dependendo das taxas de juros.
Teoria do ciclo da vida de Franco Modigliani (1963) – A renda varia sistematicamente ao longo das fases do “ciclo de vida” de um consumidor, de modo que os consumidores fazem planos para suavizar o consumo ao longo da vida. Para isso, a poupança varia sistematicamente ao longo da vida das pessoas. Quando o consumidor está na fase jovem toma empréstimos, na fase adulta/meia idade poupa mais de sua renda para a aposentadoria. Durante a aposentadoria, ele despoupa. O consumo depende da riqueza ao longo da vida e a poupança é usada para suavizar o consumo. Mudanças temporárias na renda corrente têm pouco efeito sobre a renda auferida ao longo de toda a vida economicamente ativa e tampouco afetam o consumo.
Teoria da renda permanente de Milton Friedman (1957) – A Renda Corrente é a soma da Renda Permanente + Renda Transitória. A primeira, a renda permanente, consiste na renda média esperada ao longo do tempo, enquanto a segunda, renda transitória, representa toda oscilação em torno da renda permanente. O Consumo é afetado principalmente pelas variações da Renda Permanente. A renda transitória influencia pouco a decisão de consumo dos indivíduos, pois na verdade os indivíduos tendem a poupar ou emprestar esta porção da renda. Assim, ao se confrontarem com uma flutuação em sua renda, os indivíduos avaliarão se esta variação é permanente ou temporária, e caso seja transitória, ajustarão sua poupança para manter seu padrão de consumo estável, variando pouco o consumo corrente.
Importante: consumo (e poupança) para Keynes é função da renda corrente. Então consumo (e poupança) não determina nem depende da taxa de juros. Taxas de juros no modelo keynesiano é função da oferta e da demanda por moeda (preferência pela liquidez).
Nos Clássicos, taxa de juros é determinada pela oferta de fundos de empréstimos (poupança) e demanda de fundos de empréstimos (demanda por investimento). Como no modelo de Irving Fischer, a poupança (e o consumo) é uma escolha intertemporal que depende das preferências e da taxa de juros.
As teorias modernas de consumo baseiam-se no modelo Consumo de Fischer ao considerarem o consumo como uma decisão intertemporal que leva em consideração a renda futura, além da renda corrente, em que empréstimos e poupança cumprem a função de suavizar o consumo ao longo da vida.